Bancos oferecem mais serviços grátis do que parceiros europeus
Os bancos portugueses consideram legítima a cobrança de comissões de manutenção sobre as contas à ordem e sublinham que qualquer aumento é devidamente regulado por lei. “Os bancos, tal como acontece em qualquer outro sector de atividade, cobram comissões pelo serviços prestados aos seus clientes”, afirmou a Associação Portuguesa dos Bancos (APB) em comunicado divulgado ontem. A associação liderada por Fernando Faria de Oliveira sublinha também que “o número de serviços bancários gratuitos em Portugal é substancialmente maior” do que nos restantes países da União Europeia”.
Os bancos portugueses responderam assim à petição lançada ontem pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) a exigir o fim destas comissões. A associação argumenta que este tipo de custos aumentaram 41% desde 2007 e que os clientes com menor saldo médio bancário têm sido os mais penalizados pela cobrança destes valores. Feitas as contas, a associação dos consumidores afirma que, em 2007, a comissão média anual cobrada por um saldo a rondar os 250 euros era de 42,18 euros, mas este valor ascende agora a 59,40 euros.
Apesar da petição, a Deco assume que “numa economia saudável os bancos têm de ter lucro”, mas defende que estes não podem usar a conta à ordem, “produto bancário imprescindível a todos os consumidores”, para recuperar a sua situação financeira. A petição contava ontem ao final do dia com mais de 25 mil subscritores, um valor bastante superior ao necessário por lei, quatro mil assinaturas, para o documento ser discutido na Assembleia da República.
Os aumentos de comissões são “públicas”, sendo divulgadas previamente nos sites e nas agências bancárias, permitindo desta forma aos clientes cessarem serviços “sem quaisquer encargos”, contrapõe a APB, destacando também que as instituições bancárias estão sujeitas a “apertado controlo” do Banco de Portugal.
Uma fonte de um dos principais bancos nacionais, que pediu o anonimato, disse ao Dinheiro Vivo que a Deco está a ser “demagógica” e exemplifica com a queda do valor total das comissões cobradas, em comparação com o ano anterior. No entanto, concede que atualmente “existem menos comissões mas as que existem são mais caras. Os bancos têm que ganhar dinheiro, têm que compensar os custos”, admite. “A desalavancagem e a legislação que tem vindo a ser aprovada para controlar os custos de manutenção têm dificultado a vida aos bancos num momento particularmente negativo”, justifica.
Outra fonte da banca prefere destacar que existem outras alternativas para os consumidores com menores recursos financeiros: “Os bancos já têm várias contas, onde não se pagam custos de manutenção.” A necessidade de cobrir os custos operacionais também é de salientar, afirma: “Se existem custos associados à criação e manutenção de uma conta, alguém tem que os pagar.”
A banca nacional, pela voz da APB, frisa que atua em “regime concorrencial” e que o sector precisa de “estabilidade financeira” e de “solidez “ para poder “cumprir a sua missão de financiar a economia”.
fonte:http://www.dinheirovivo.pt/M