O banco japonês Nomura divulgou as suas previsões para os resultados da banca portuguesa no segundo trimestre do ano, mantendo a recomendação de “neutral”, à espera de observar mais volatilidade no preço das acções enquanto a situação política não estiver estável.
A exposição da banca portuguesa à dívida não mudou muito no último ano, embora os bancos tenham vendido parte do seu portefólio de obrigações portuguesas em 2012 e comprado dívida com uma “yield” mais baixa.
Segundo o Nomura, outro impacto potencialmente negativo na variação das obrigações, além do menor rendimento, é a avaliação a preços de mercado, que poderá afectar os bancos caso as obrigações se mantenham com a “yield” muito elevada.
Os prejuízos resultantes da depreciação da carteira de crédito e os baixos rendimentos da dívida serão os pontos comuns na banca portuguesa neste trimestre, segundo os analistas do Nomura. A deterioração dos activos vai levar a que este trimestre tenha perdas mais acentuadas que o anterior, especialmente para o BCP e o BES. O BPI continua a ser o banco preferido para o Nomura, pela melhor qualidade dos seus activos e pelos elevados níveis de cobertura de perdas potenciais.
Os resultados obtidos com operações financeiras não serão tão fortes como no trimestre passado, na opinião dos analistas do Nomura, mas a depreciação das carteira de empréstimos vai continuar a ser elevado, levando a perdas trimestrais no caso do BCP e do BES.
O Nomura aponta para que o BCP apresente perdas na ordem dos 163 milhões de euros para este trimestre, o que significa que em apenas meio ano, o banco liderado por Nuno Amado poderá registar um prejuízo de 315 milhões de euros.
Para o BES as perspectivas não são melhores, com o Nomura a acreditar que o banco liderado por Ricardo Salgado apresente um prejuízo de 85 milhões de euros, totalizando em meio ano perdas de 147 milhões de euros.
No caso do BPI o cenário estimado pelo Nomura é totalmente diferente, dado que as previsões apontam para lucros de 27 milhões de euros, o que, acrescentando os 41 milhões obtidos no primeiro trimestre, dá um total de 68 milhões de euros de ganhos no primeiro semestre do ano.
As operações internacionais dos bancos deverão continuar a ser um apoio aos resultados, particularmente no caso do BPI, onde os lucros sustentados em Angola deverão ofuscar a baixa contribuição vinda de Portugal, segundo o Nomura.
Para o BPI, o banco português preferido do Nomura, a recomendação de “comprar” é mantida com um preço-alvo de 1,20 euros por acção, o que lhe confere uma potencial valorização de 23,58% face à cotação actual de 0,971 euros.
O BES vai contabilizar as suas mais-valias do negócio de resseguro, absorvendo as imparidades do trimestre. O negócio internacional pode também registar valores negativos, com o abrandamento da economia brasileira e da exposição espanhola. O Nomura reitera a recomendação de “reduzir” com um preço-alvo de 0,85 euros, o que lhe confere uma potencial valorização de 20,39% face à cotação actual de 0,706 euros.
No caso do BCP, os resultados trimestrais vão incluir apenas um mês do subsidiário grego, entretanto vendido. É expectável uma melhoria dos rácios, fruto da venda do subsidiário. Os ganhos lá fora, em África e na Polónia não serão suficientes para ofuscar as perdas na Grécia. O Nomura reitera a recomendação de “reduzir” com um preço-alvo de 0,08 euros, o que lhe confere uma potencial de desvalorização de 17,5% face à cotação actual de 0,097 euros.
Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de “research” emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de “research” na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.
fonte:http://www.jornaldenegocios.pt/