Barclays foi ao BCE buscar 2 mil milhões para Portugal

O banco britânico Barclays aproveitou a operação de financiamento promovida pelo BCE na quinta-feira para captar 8,2 mil milhões de euros: 6,2 mil milhões de euros destinam-se a Espanha e 2 mil milhões a Portugal.

«O Barclays confirma a captação de 8,2 mil milhões de euros através da Operação de Financiamento a três anos do Banco Central Europeu (BCE), realizada no dia 29 de Fevereiro de 2012. O financiamento obtido através desta operação será utilizado para gerir os riscos associados ao desfasamento entre empréstimos e depósitos de clientes, em euros, nos mercados em que o Barclays tem operações locais significativas», disse à agência Lusa fonte oficial do banco.

Do montante total, «6,2 mil milhões serão acedidos através do Banco de Espanha e os restantes 2 mil milhões através do Banco de Portugal, para aplicar nas operações do banco nestes países», confirmando assim as notícias publicadas esta sexta-feira em Espanha sobre o assunto e pelo «Dinheiro Vivo».

«Este financiamento de longo prazo trará estabilidade a estes negócios, ao mesmo tempo que o Barclays continua a reduzir os atuais desfasamentos de funding e a proceder à sua reorganização para se adequar à nova realidade do mercado, sem prejudicar a economia real e em especial as atividades bancárias nas áreas de retalho e pequenos negócios nestes mercados [Portugal e Espanha]».

Segundo o Barclays, «até à liquidação total do valor do financiamento, qualquer vantagem que possa resultar do recurso do Barclays ao mesmo - versus o custo do próprio financiamento - serão apresentados isoladamente nos resultados do Grupo Barclays e não serão utilizados para quaisquer remunerações a colaboradores».

O Barclays anunciou em dezembro do ano passado que não participaria na operação de financiamento que o Banco Central Europeu lançou nesse mês.

«Crédito já não é tão abundante»

As dificuldades de financiamento das empresas junto da banca têm aumentado significativamente e o administrador do Barclays Portugal, João Coutinho, explicou que apesar de as restrições à concessão de crédito terem aumentado, também há uma queda da procura.

«O crédito não é tão abundante nem tão barato como no passado, mas também há uma quebra da procura por parte das empresas». 

Ainda assim, «para boas empresas e bons projetos há crédito». A decisão de financiamento se baseia muito na existência de «uma boa equipa de gestão» e «níveis de alavancagem menores do que eram exigidos recentemente».

Na prática, isto significa que as empresas que pretendem novos financiamentos não podem estar afogadas em dívida.

Interesse dos chineses na banca nacional «faz sentido»

Por outro lado, o interesse de bancos chineses no capital dos principais grupos financeiros portugueses é visto com normalidade pelo diretor da divisão de comércio internacional do Barclays Corporate e presidente da unidade da banca da Câmara Internacional do Comércio.

«O interesse chinês nos bancos portugueses faz sentido. As entidades financeiras da China têm que ter participações em bancos ocidentais para potenciar a intensificação das relações comerciais», disse à Lusa Tan Kah Chye.

«Durante três mil anos a Índia e a China dominaram o comércio mundial. O domínio do mundo ocidental dos últimos 300 anos é quase uma margem de erro em termos históricos. Uma anomalia. E os gigantes asiáticos vão retomar as rédeas em breve».

Sobre a possibilidade de as empresas portuguesas atacarem os mercados chinês e indiano, o especialista disse que «as oportunidades nesses países nunca acabam», ainda que alertando que as empresas estrangeiras podem estar mais de 10 anos a fazer negócios na China e na Índia «sem nunca sair da ponta do icebergue».

Certo é que «as empresas portuguesas estão muito bem vistas lá fora», assegurou.

fonte:http://www.agenciafinanceira.iol.pt/f

publicado por adm às 22:38 | comentar | favorito
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