Banca cobra 65 euros nas contas com menos dinheiro

Os bancos, a braços com uma quebra nos lucros nos últimos anos, estão a aumentar as comissões cobradas aos clientes. Mesmo para ter uma conta à ordem é preciso pagar uma comissão de manutenção. E o custo subiu, e muito, sobretudo para quem tem menos recursos. Em média, um cliente com menos dinheiro numa conta à ordem paga 65 euros anuais de comissão de manutenção; se tiver um saldo médio mensal mais elevado pode mesmo ficar isento do pagamento. O Banco de Portugal já alertou que “é inadequado” indexar as comissões ao dinheiro que se tem na conta.

O Dinheiro Vivo analisou os preçários dos principais bancos a operar em Portugal e comparou as comissões de manutenção de uma conta à ordem normal, ou seja, sem pertencer a um segmento específico, como, por exemplo, as contas jovem ou premium. Bancos há que não alteraram muito os valores nos últimos tempos, mas muitas instituições, além de aumentarem os preços, criaram até novos escalões de comissões. E a lógica é comum a praticamente todos: quanto mais baixo o saldo médio mensal da conta à ordem mais elevada a comissão. No entanto, alguns bancos dão a possibilidade de os clientes não pagarem esta comissão caso domiciliem o ordenado ou subscrevam algum produto. Caso contrário, só mesmo tendo um saldo médio mensal superior a 1500, 2000 ou 3500 (dependendo da instituição) conseguirá ficar isento da comissão.

Esta prática comum entre as instituições financeiras levou a que o Banco de Portugal publicasse um conjunto de recomendações de boas práticas nas contas à ordem. “O Banco de Portugal reconhece como inadequada a prática comercial de fazer variar o montante da comissão de manutenção em função de saldos médios das contas de depósito à ordem”, revelou o regulador bancário liderado por Carlos Costa. 

Além disso, no documento o Banco de Portugal “recomenda que a comissão de manutenção da conta de depósito à ordem englobe a anuidade do cartão de débito e a realização de, no mínimo, três levantamentos mensais ao balcão”.

Esta semana, a limitação das comissões bancárias nas contas à ordem foi debatida no Parlamento. Os partidos da oposição apresentaram propostas para limitar as comissões bancárias, tendo desafiado a maioria a dizer o que pretende sobre a matéria e se está “do lado” dos cidadãos ou dos bancos.

Na sequência da recomendação do Banco de Portugal, a Associação Portuguesa de Bancos (APB) referiu que as instituições financeiras “devem ter liberdade de cobrança de remunerações por todos os serviços que prestam” aos clientes, por considerar que “nenhuma atividade económica subsiste sem uma adequada remuneração”.

“A excessiva uniformização de procedimentos e a adoção de modelos demasiado rígidos pode originar, ao restringir a concorrência entre os bancos, impedindo estes de proporem diferentes soluções, também em matéria de preços, à livre escolha dos seus clientes”, defende a APB.

A iniciativa do Banco de Portugal não agradou sequer à Deco. Jorge Morgado, o secretário-geral da associação de defesa do consumidor, considerou que as recomendações surgem “fora de tempo” e ficaram “aquém do desejável”.

 

fonte:http://www.dinheirovivo.pt/

publicado por adm às 21:04 | comentar | favorito