Caixa, BPI e BCP captaram 4000 milhões em depósitos no 3.º trimestre

Em apenas três meses, a Caixa Geral de Depósitos (CGD), o BPI e o BCP registaram um aumento de quase 4000 milhões de euros nas suas carteiras de depósitos, com especial destaque para o banco estatal que recebeu a fatia de leão (mais de metade do valor).

A captação anormal de depósitos (3893 milhões), entre 30 de Junho e 30 de Setembro, por parte da CGD, do BCP e do BPI, terá sido, em grande medida,o resultado da migração das poupanças dos clientes do BES/Novo Banco que terão procurado um refúgio nos três maiores bancos a operar em Portugal.

Já no Montepio Geral a tendência foi inversa à da CGD, BPI e BCP, ao registar uma descida nos seus depósitos. De acordo com os dados divulgados esta semana pela instituição financeira detida pela associação mutualista, em Setembro deste ano (final do terceiro trimestre), o total de depósitos era de 13.969 milhões de euros, caindo 345 milhões de euros face a Junho (-2,4%). No final do semestre, os depósitos chegavam aos 14.314 milhões, e o valor tinha vindo a subir.

A aceleração do crescimento dos depósitos na CGD, BPI e BCP deverá ter sido feita à custa dos clientes do BES/Novo Banco. O banco público voltou a destacar-se e, em apenas três meses, a sua carteira de depósitos na actividade doméstica aumentou 2395 milhões, passando de 52.741 milhões, para 55.136 milhões. No mesmo período, a do BPI subiu 888 milhões (para 19.288 milhões), valor que no BCP foi de 610 milhões (para 34.214 milhões). 

Desde Junho que se tinha instalado à volta daquele que chegou a ser o segundo maior banco privado português uma sensação de descrédito generalizada que culminou com a renúncia de Ricardo Salgado à liderança do BES, ao fim de 22 anos, por imposição do Banco de Portugal, e a sua detenção para ser interrogado pelo Ministério Público, a 28 de Julho. Para além destes episódios, o facto de o Novo Banco, criado a 3 de Agosto, ser por definição de transição, destinado a ser vendido, tende a gerar incerteza quanto ao seu futuro.

Depois de o BPI (prejuízo de 114 milhões), o BCP (prejuízo de 98,3 milhões) e o Montepio Geral (lucros de 22 milhões) terem apresentado contas, foi ontem a vez de a CGD revelar ter fechado o terceiro trimestre em terreno positivo com lucros de 55,5 milhões de euros, que contrasta com um prejuízo no mesmo período de 2013 de 283,5 milhões de euros.

É o terceiro trimestre consecutivo em que o banco apresenta lucro, ainda que, entre Janeiro e Junho, a CGD tenha apurado um lucro de 130 milhões de euros, que acabou por ser penalizado pelas imparidades de crédito registadas com empresas do Grupo Espírito Santo (GES). 

A CGD justifica o acréscimo de 20% nas imparidades do crédito, que totalizam agora 570 milhões, por "factores conjunturais de carácter não recorrente, parte dos quais com reflexo muito importante na actividade internacional.". Ainda assim, os custos com provisões e imparidades representaram uma redução homóloga de 13,1%, totalizando, no acumulado dos nove meses, 580,8 milhões de euros. A exposição da CGD ao grupo GES é de cerca de 300 milhões de euros, sendo que apenas 100 milhões têm garantias reais. Entre 150 a 170 milhões de euros são considerados de risco e foram provisionados.

Entre Janeiro e Setembro, o produto da actividade bancária subiu para 1370 milhões de euros, mais 10,4%, reflectindo o impacto positivo na CGD da crise no BES, com os depósitos a subirem 2540 milhões de euros para 69.726 milhões (mais 3,8%) face aos nove primeiros meses de 2013. Por seu turno, o crédito reduziu-se 4,9% para 71.900 milhões de euros. O financiamento à economia caiu 7% para 55.000 milhões, sendo que quer ao nível das empresas quer de particulares se verificou uma descida. A margem financeira alargada aumentou 26,2% para 779,9 milhões no período analisado.  

O resultado bruto registou uma subida de 66,4%, totalizando 413,3 milhões de euros. Para os resultados positivos contribuiu também a venda de 80% das seguradoras Fidelidade, Multicare e Cares, ao grupo chinês Fosun, que originou uma mais-valia de 234,9 milhões de euros. O rácio de solvabilidade (CET1) passou de 10,7%, em Dezembro do ano passado, para 11,7% no terceiro trimestre do ano. Com Luís Villalobos

 

fonte:http://www.publico.pt/e

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