Querem alterar os regulamentos para permitir que o Banif Gestão de Activos, que gere o megafundo, possa aceitar propostas de troca de emissões de dívida perpétua
Os participantes do megafundo do Banco Privado Português (BPP) querem alterar o regulamento de gestão, proposta pelo Banif Gestão de Activos, para aproveitarem as hipóteses de troca de emissões perpétuas de alguns emitentes e, assim, evitarem a desvalorização dos activos.
«Não só estamos de acordo com a proposta da sociedade gestora do fundo, como exigimos que se faça essa alteração», disse à Lusa Jaime Antunes, presidente da Privado Clientes, explicando que o único objectivo é alterar os regulamentos de forma a permitir que o Banif Gestão de Activos, que gere o megafundo, possa aceitar propostas de troca de emissões de dívida perpétua.
A gestora vai submeter aos participantes do fundo, numa assembleia a realizar a 17 de Janeiro, uma proposta de alteração à política de investimentos do Fundo Especial de Investimento (FEI) de Gestão Passiva dos clientes do antigo Banco Privado Português (BPP).
Hoje, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) emitiu no seu portal um esclarecimento aos participantes do megafundo, explicando que «o actual regulamento de gestão, no que respeita à alienação ou aquisição de activos por conta do fundo, limita a intervenção da entidade gestora, de modo coerente com o facto de se tratar de um fundo exclusivamente de gestão passiva».
A entidade liderada por Carlos Tavares realçou que «nesse quadro não cabe, naturalmente, à CMVM autorizar qualquer operação que implique o desvio daquele princípio consagrado no regulamento de gestão» e que «a proposta que a entidade gestora submete aos participantes do fundo, para decisão na Assembleia do próximo dia 17 de Janeiro, implica uma alteração à política de investimentos do fundo, dotando a entidade gestora de uma maior discricionariedade de atuação, não se tratando, por isso, de uma mera clarificação da redação do actual regulamento de gestão».
«Ainda hoje tivemos uma proposta de troca de dívida perpétua da Grécia, que, caso o fundo pudesse aceitar, garantia que os participantes receberiam 55 por cento do valor desses activos. Assim, corremos o risco de perder muito mais. É por isso que exigimos que o regulamento do fundo seja alterado, neste ponto exclusivo», revelou à Lusa Jaime Antunes.
Do lado do supervisor, é frisado que «qualquer que seja a redacção que os participantes decidam dar ao regulamento de gestão, no exercício dos seus poderes, a entidade gestora está obrigada a defender as melhores opções para o fundo no âmbito da prossecução do interesse exclusivo dos participantes».
E que «a questão, também já levantada, das eventuais implicações da alteração do regulamento de gestão na garantia concedida pelo Estado a favor dos clientes do BPP, exigirá análise apropriada e, em última instância, apenas poderá ser esclarecida pelo concedente da garantia».
A falta de liquidez da instituição no final de 2008, no auge da crise financeira, motivou a intervenção do Banco de Portugal no BPP. Durante os cerca de 17 meses em que durou a intervenção do supervisor da banca na instituição a principal preocupação das autoridades (Governo, CMVM e Banco de Portugal) esteve centrada no problema dos clientes de retorno absoluto.
A solução patrocinada pelas autoridades passou pela criação de um megafundo, que recebeu a adesão da quase totalidade dos clientes (98 por cento).
fonte:http://www.agenciafinanceira.iol.pt/f