Crise gera nova tendência: casas dos bancos alvo de cobiça
Estão a ser alvo de cobiça, em tempos de crise. Portugueses e imobiliárias estão de olho nas casas devolvidas à banca por quem não consegue pagar os empréstimos.
Pelas contas da associação do setor (a APEMIP), só no ano passado, 6.900 imóveis foram entregues aos bancos, tanto por particulares como por promotores imobiliários. As zonas mais críticas foram as da grande Lisboa e Porto (45,2% do total), sendo que dos 10 municípios mais penalizados em termos nacionais, apenas três - Loulé, Ponta Delgada e Braga - não pertencem a estas duas regiões.
Mas este é também um problema dos bancos, que ficam com as casas em mãos. Por isso, apostam agora em campanhas agressivas para venderem os imóveis que têm em carteira, oferecendo condições únicas no financiamento e descontos no preço até aos 30%.
Compraram T3, num condomínio fechado, por 59 mil
«Facilidades» que acabam por atrair jovens e imobiliárias. É o caso de Ana Espírito Santo e Claúdio que desde o ano passado procuravam cumprir o sonho de ter casa própria.
A necessidade de uma prestação mensal baixa levou-os a comprar, em outubro, um apartamento do Millennium BCP, em Santa Maria da Feira, que constava da carteira de uma imobiliária especializada na venda de retomas de bancos.
«É um T3, com 14 anos, num condomínio fechado com campo de ténis e piscina», disse à Lusa Ana Espírito Santo.
O banco financiou-lhes a «totalidade do valor do apartamento» de 59 mil euros e ofereceu um spread (lucro do banco) de cerca de 1,5 por cento.
«Aproveitámos o financiamento a 100 por cento para usar o dinheiro que tínhamos para fazer obras pequenas no apartamento», contou Ana, destacando as boas áreas da casa, com espaço suficiente para a Matilde, de 16 meses, e o Duarte que vai nascer no verão.
Situação idêntica vive Tiago Antão, 26 anos, que saiu da casa dos pais em fevereiro para se mudar com a namorada para um apartamento na Amadora: «Andei no mercado e foi o único método que encontrei para ter boas condições a nível de financiamento e conseguir 100 por cento do valor do imóvel».
Com estas condicionantes, Tiago Antão e a namorada optaram por pagar 105 mil euros por um apartamento T2 na Amadora, com 100 m2, construído em 2006.
Imobiliárias aproveitam a onda
Vantagens que também conquistaram as imobiliárias, apostam cada vez mais neste nicho de mercado. «Não lhe diria que são mais baratos, são boas oportunidades em termos de mercado, associadas às condições que a banca oferece», disse à Lusa, João Martins, diretor-geral da Maxfinance, rede de agências de consultoria financeira do grupo Remax.
A Remax, uma das principais imobiliárias a operar no mercado português, apenas começou a trabalhar com a banca no ano passado. Atualmente, 10 por cento dos imóveis da Remax para venda são oriundos da banca, tendo a imobiliária vendido já 139 destes imóveis num volume de negócios de 10 milhões de euros.
Já a imobiliária Fracção Exacta trabalha há alguns anos quase exclusivamente com retomas de bancos - mais de 90 por cento das vendas são destes imóveis -, contando com 27 agências em todo o país.
Os cinco maiores bancos a atuar em Portugal (CGD, BCP, BPI, BES e Santander Totta) são os principais fornecedores da agência, que tem atualmente para venda 4.700 imóveis de bancos.
E segundo a responsável pela gestão de rede desta imobiliária, Sónia Santos, em 2010, era a CGD o banco com pacotes mais atrativos, o que levou a que tivesse «limpado o stock existente». Já atualmente é o «BCP que está no auge», com a oferta de melhores condições.
fonte:http://www.agenciafinanceira.iol.pt/